Antidepressivo: usar ou não usar?


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Antidepressivos: usar ou não usar? É comum pacientes que buscam tratamento para depressão ficarem em dúvida sobre o uso de medicamentos como forma de tratamento. Prós e contras exitem e creio que, antes de tomar a decisão sobre o qual o melhor tratamento, vale muito a pena se informar sobre seus efeitos.

A depressão é uma doença cujo principal sintoma - ao contrário do que a maioria das pessoas pensa - é a falta de prazer. Uma incapacidade em se satisfazer com os eventos cotidianos ou com momentos especiais, por exemplo. Para quem está deprimido nada está bom: o emprego está ruim, os relacionamentos sociais, pior ainda, os amigos são chatos e por aí vai. Pessoas deprimidas estão sempre indispostas a fazerem programações diferentes e quando o fazem, contrariadas, ficam com aquela cara de quem "comeu-e-não-gostou". São ranzinzas, rabugentas e pessimistas... Pode parecer que estou descrevendo um ser horrível, aqui. Mas, lhes digo que exitem mais pessoas deprimidas que saem de casa todas as manhãs, trabalham e cumprem um papel social esperado, do que se imagina. Claro que aquele quadro clínico clássico de alguém deprimido e que não consegue se levantar da cama também existe; mas como estes sinais são muito evidentes, tais pessoas estão mais propensas a buscarem ajuda aos primeiros sintomas, do que aqueles sujeitos que somente vivem, vão levando a vida, empurrando com a barriga aquilo que não está tão bom assim.

O primeiro passo para o tratamento da depressão - independente da maneira como ela ocorre, afinal, cada um é cada um - é a pessoa reconhecer que está deprimida. Porque se algum familiar, amigos ou pessoas próximas comentam, a resposta imediata é a não aceitação de que a depressão pode ser uma hipótese. É como se fosse um ciclo, no qual estar constantemente infeliz se torna um vício difícil de se desvincular. É pelo mesmo motivo que percebemos alguns indivíduos que passam anos à fio reclamando de tudo, presos ao passado, dando voltas e mais voltas sem sair do lugar. Reconhecer que algumas coisas não estão bem e procurar ajuda é a parte mais difícil do tratamento para depressão, contudo a notícia boa é que, uma vez se reconhecida a doença, os passos seguintes são mais efetivos. E aí vem a dúvida: "devo procurar um psiquiatra ou um psicólogo? Tomar remédio ou fazer psicoterapia? Mas eu não estou louco!"

E não está, mesmo! - respondo. Psicólogos e psiquiatras são profissionais que cuidam da saúde mental e a depressão é a doença mais comumente tratada por esses profissionais. O tratamento medicamentoso irá agir na química do cérebro: irá diminuir ou aumentar a produção de hormônios que dão a sensação de prazer. Porque, como colocado anteriormente, cada caso é um caso e o médico é o profissional competente para ajustar as doses e o tipo de tratamento mais adequado para cada pessoa. Por outro lado, remédio não muda pensamento; remédio não trata sentimento. Uma vez estabilizada a produção de hormônios, psicólogas e psicólogos, através de técnicas, escuta e atendimentos sistemáticos - que são encontros uma ou duas vezes por semana, regularmente - auxiliam a ressignificar eventos passados, elaborar dores emocionais e mágoas, com o objetivo de que o paciente possa, por si só, alcançar a satisfação de seus desejos e pare de sofrer afetivamente.

Remédios antidepressivos aliviam sintomas sentidos no corpo - insônia, desânimo, mau humor: esta é a boa notícia. Já a notícia não tão boa é que os efeitos colaterais dos medicamentos são, muitas vezes, indesejados: ganho de peso, redução da libido e aquela sensação de estar "grogue" o tempo todo. Por outro lado, a avaliação do paciente pela (o) psicóloga (o) e também por bons psiquiatras pode levar à não indicação do uso de medicação e a psicoterapia mais frequente (duas a três vezes na semana) poderá trazer resultados tão satisfatórios (ou mais) do que somente o uso de medicamento. Há ainda casos em que se faz psicoterapia e uso de medicação ao mesmo tempo e aos poucos se vai reduzindo as doses do remédio. Independente do tipo de tratamento que será orientado pelo profissional, o fato é que há de se buscar um tratamento que seja sério, somando-se ao comprometimento do paciente consigo mesmo em sair do quadro depressivo, a fim de se evitar recorrências. O foco do tratamento é que, uma vez superados os motivos que levaram à depressão, o sujeito consiga ser resiliente às infinitas adversidades e intempéries da vida sem adoecer as emoções.

Shirley Silva Costa
Psicóloga | CRP 07/27644

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