Mulheres Intelectualizadas



Vamos iniciar essa conversa lembrando que mulheres são maioria nos espaços acadêmicos. Um dos fatores que facilita a maior permanência de meninas, jovens e adultas nestes espaços é a menor pressão para a entrada no mercado de trabalho, ao contrário dos homens. No entanto, vamos lembrar também que o grau escolar não nos garante maiores salários e nem posições de liderança ou de tomada de decisão, infelizmente. Sim, isso é machismo (precisamos nomeá-lo) e não é novidade por aqui.

Mas também quero dizer sobre a relação heteronormativa, entre homens e mulheres, quando se depara com essa diferença de “grau de instrução” feminina. Independente do gênero, quanto mais conhecimento uma pessoa adquire, mais ampla se torna sua visão e compreensão de mundo. Maior sua capacidade argumentativa, mais facilmente se interpreta entrelinhas e se busca ser coerente com um background de conhecimento, estudos, pesquisas e métodos que fomentam seu posicionamento. Não se trata de um ponto de vista ou opinião. Torna–se uma constatação sobre um tema ou assunto, que poderá sofrer variações à medida em que você estuda e o compreende melhor. 


Infelizmente, o sistema relacional que nos encontramos hoje é muito atravessado por uma lógica capitalista de posses, trocas, compras, obsolescências, etc. E como a rivalidade, a disputa e principalmente a dominação está latente nas relações atuais, é de se considerar que ao se deparar com uma mulher com mais grau de instrução, um homem poderá se sentir diminuído e ameaçado pelo intelecto dela. Eles podem até verbalizar que uma mulher “inteligente” tem o seu valor, mas isso não quer necessariamente dizer que irão se relacionar com elas, uma vez que seus valores, forma de pensar e ideias poderão ser questionados. 


Para estes casos, é verdadeira a máxima de que os iguais se atraem. Depois que a paixão passa, para que seja possível abrir espaço para a relação “séria” é necessário alinhar valores e acordos do casal. A relação pode até caminhar por um tempo, mas se não houver sintonia sobre questões práticas da convivência, o casal estará sujeito a atravessar por muitos desalinhos e dificuldades.


Shirley Silva Costa
Psicóloga
CRP-RS 07/27644

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