Psicóloga há um ano

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Existem profissionais e profissionais, seja qual for a profissão. No dia cinco de agosto, completou-se um ano do dia em que me tornei psicóloga: o dia de minha formatura. Confesso: minha experiência profissional é muito pequena em relação aos modelos de psicólogas(os) - professores, terapeutas, autores, entre outros - nos quais me inspiro diariamente para construir minha prática. Contudo, desde o instante em que me tornei psicóloga - e não mais uma estagiária ou estudante de Psicologia - o trabalho com outros profissionais psicólogos(as), assim como aqueles envolvidos nos espaços onde a Psicologia se insere, em contexto multiprofissional, tem sido um constante processo de pensar e repensar o que é ser psicóloga. Irrevogavelmente, aprendi durante a faculdade que para me tornar psicóloga eu haveria de construir, desconstruir e reconstruir continuamente espaços, atuações, ideais, concepções, visto que lidar com a vida humana é isto: "num indo e vindo infinito". Por outro lado, gostaria de deixar registrado um pequeno lembrete que também serve para mim mesma; para que eu não me perca nesse mar de subjetividades atravessadas, impregnadas por nossos sistema doentio de relações humanas (é aí onde eu me insiro), do qual jamais poderei escapar.

Espero que seja útil a você também: quer estudante de psicologia, psicóloga(o) ou somente um(a) simpatizante pela profissão. Aí vai o recado:

Se você é psicóloga(o) e distribui lição de moral sem ser solicitado;
Se você é psicóloga(o) e não consegue ou evita se colocar no lugar de pessoas que não tiveram as mesmas oportunidades que você;
Se você é psicóloga(o) e tem raiva de pessoas que são mais favorecidas financeira-afetiva-socialmente, etc., etc. que você;
Se você é psicóloga(o) e nunca, jamais, em toda sua existência, se deu ou dará a oportunidade de passar pelo processo terapêutico, ou análise, ou terapia, ou seja-lá-o-nome-que-você-quiser-dar;
Se você é psicóloga(o) e reage impulsivamente às suas emoções;
Se você é psicóloga(o) e acha que as pessoas sofrem porque querem, ou porque gostam, ou porque não são comprometidas ou esforçadas;
Se você é psicóloga(o) e acha que tem o direito de julgar todo mundo, fazendo as pessoas se sentirem culpadas por tudo;
Se você é psicóloga(o) e acredita que a sua opinião é a única verdade inquestionável existente na face do planeta terra;
Se você é psicóloga(o) e acha que as suas teorias explicam tudo;
Se você é psicóloga(o) e não se permite aprender coisas novas com outras pessoas, constantemente;
Se você é psicóloga(o) e acha que nunca vai errar na vida;
Se você é psicóloga(o) e acha que títulos profissionais bastam para manejar situações difíceis ou automaticamente te qualificam no trato com o(s) paciente(s), família(s), cliente(s) ou consigo mesma(o);
Se você é psicóloga(o) e tem preguiça de ler;
Se você é psicóloga(o) e acha que já viu de tudo;
Se você é psicóloga(o) e não consegue perceber que sua atuação profissional (seja ela clínica, escolar, organizacional, hospitalar, social, etc.) é um fazer político que traz repercussões para a sociedade;
Enfim: se você é psicóloga(o) e se acha humilde só porque é psicóloga(o);
Francamente, creio que sua compreensão sobre ser ou se tornar psicóloga(o) esteja comprometida ou limitada.

Na semana em que se teve a notícia de que um concurso da Polícia Militar do estado do Paraná publicou em seu edital que se valerá de avaliadores (ou seja, psicólogos profissionais) e instrumentos de avaliação psicológica para seleção de candidatos com um dado perfil de masculinidade, deixo aqui registradas algumas de minhas preocupações e desafios no que diz respeito ao exercício da profissão.

O Sul 21: Coletivos repudiam edital da PM PR que traz masculinidade como critério de avaliação

CRP-PR: Nota de posicionamento do CRP PR em relação ao edital de concurso público para cadete da polícia militar do Paraná


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