Uma dose de realidade para o amor

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Dia desses chegaram a mim dois vídeos bem divertidos com dicas sobre como  identificar um "embuste" e sobre "aprender a fazer falta". O embuste foi descrito como aquele rapaz que visualiza mensagens e não responde, inventa desculpas para não comparecer aos encontros, que se diz muito ocupado ou que está trabalhando muito e mais uma lista de comportamentos adotados por estes homens.

Incomoda muito quando não somos correspondidos da maneira que gostaríamos. Raramente pensamos sobre quais qualidades e habilidades nos agradam em um par romântico. Porque, geralmente, na grande maioria das vezes, idealizamos essas qualidades. Darei um exemplo: toda moça ou rapaz tem interesse em alguém; ou melhor, fica a fim de alguém. No início, se percebe um sentimento de simpatia pela pessoa desejada. Ele (ou ela) é educado (a), simpático (a), atraente, bem relacionado com a família e financeiramente estável. É um queridão (ou queridona)! Todas essas qualidades parecem sementinhas de ilusão que ficam plantadas no pensamento e que vão brotando e crescendo. Passadas algumas semanas de convivência, a jovem enamorada fica sonhando acordada, imaginando como seria lindo passar uma tarde ensolarada no parque, tomando sorvete ao lado do seu amado. Ou como seria romântico assistirem a um filme debaixo das cobertas em um sábado chuvoso. 

Os homens, não muito diferentes, idealizam aquela mulher perfeita, amável e sempre de bom humor. E, sim, todos esses momentos são muito especiais e possíveis. Mas, então, por que são tão difíceis de concretizar? Exatamente porque são todos produtos da nossa imaginação fértil; são idealizações, constituem um impulso de hormônios produzidos pelo nosso cérebro para que a paixão se torne possível. A dificuldade se encontra no instante em que não conseguimos ultrapassar essa fase do mundo imaginário.

Um belo dia você decide convidar o crush para um café. E o crush inventa uma desculpa. Você releva; talvez ele não estava no clima e passados mais alguns dias, quando chega o final de semana, você decide mandar uma mensagem de whatsapp para o ser amado. O rapaz visualiza e não responde até que, inesperadamente, domingo à noite ele envia um emoji: ;). E ao longo das semanas e meses que se passam, por diversas vezes você tenta se aproximar e conhecer melhor o ser amado, porém ele sempre foge, deixando um rastro para trás, um sinalzinho de esperança, com o qual você compassivamente se contenta até que se cansa.

E, então, eu lhe pergunto (os questionamentos valem para homens e mulheres): será que você se apaixonou pelo que realmente esse rapaz (moça) é ou você se encantou pela fantasia que criou sobre ele (ela)? Quanto de realidade existiu em todas as desculpas esfarrapadas, em todos os foras? Será que não seria mais interessante distanciar o olhar sobre esse ser amado, afastando-se um pouco das emoções, a fim de observar melhor como esta pessoa se relaciona com você? Temos o péssimo hábito de justificar as "falhas" do outro para nos sentirmos aceitos, protegendo nosso narcisismo e, desse modo, incorremos no erro.

O que se passa na cabeça de outra pessoa é impossível conhecer, a não ser que ela lhe conte. A não ser que você pergunte. Há de se ter cuidado, principalmente com os meios de comunicação digital, uma vez que eles dão margem a diversas formas de interpretação e fornecem tempo para elaborar perguntas e respostas, o que não é tão fácil quando precisamos lidar com a espontaneidade do cara a cara.

O auto-conhecimento é um propulsor de autonomia. Quero com isso dizer que você se torna muito mais consciente de seus pensamentos e comportamentos, à medida em que você se conhece e aprende consigo mesmo. Uma lista de características de "embustes" e demonstrações de ausência são muito divertidas e facilmente nos identificamos com elas. Mas, então, por que mesmo com todas essas dicas cometemos os mesmos erros? Escolhemos as mesmas pessoinhas difíceis para nos apaixonar? Por que escolhemos por quem nos apaixonar? Enfim, ficam algumas perguntas para ajudar a pensar à respeito.

Shirley Silva Costa
Psicóloga | CRP 07/27644

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