Conversando sobre "adultescência"

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Educar não é tarefa fácil. Além do investimento financeiro e de tempo nos filhos, a educação também exige diálogo, cuidado e orientação adequada para cada fase do desenvolvimento de um indivíduo. Atualmente, o investimento dos pais tem se prolongado um pouco mais. E a pergunta que paira no ar é "o que fazer como meus filhos adultos?".

Antes de prosseguir discorrendo sobre o tema, esclareço que não se trata de uma situação generalizada, pois se sabe que tal realidade não se estende a todas as famílias brasileiras. Entretanto, faz algum tempo que tenho ouvido pais queixarem de seus filhos, beirando os trinta anos de idade, porque "não tomam jeito na vida", a tal adultescência. Esses filhos possuem uma vida relativamente estável: a segurança de uma casa para morar, acesso à educação e algumas garantias. E isso lhes basta. Os pais afirmam que seus filhos se "acomodaram" em casa, sem o interesse de buscar a própria independência, seja ela econômica ou afetiva. De acordo com estes pais, seus filhos se interessam por quase nada: não desejam sair de casa, o estudo não lhes motiva, não trabalham e, às vezes, nem namoram. Para finalizar, os pais reclamam que os filhos gastam muitas horas de seus dias nas redes sociais conversando com amigos, mas não se interessam pela convivência familiar.

Quando tinham vinte e poucos anos, a tarefa desta geração de pais foi a de ir em busca de uma vida melhor - emprego, estudos, etc. Contudo, a tarefa da atual juventude está um tanto quanto diferente. O descompasso entre pais e filhos acaba levando ao distanciamento da relação e o conflito de gerações é atravessado por valores muito divergentes, por exemplo, no que diz respeito ao trabalho e à família. Em tempos contemporâneos, onde a fluidez dos laços afetivos está cada vez mais presente em nossos dias, a sugestão é que tanto os jovens quanto os pais encontrem um denominador comum para o diálogo.

Percebo esta situação como um jogo de cabo de guerra. De um lado, encontram-se pais preocupados com o futuro de seus filhos, abrindo mão de seus planos para aposentadorias para seguir investindo na educação, saúde e sobrevivência básica de seus dependentes. Eles se preocupam com a finitude de suas vidas, que se aproxima, e como seus filhos irão "se virar" quando não estiverem mais presentes. Os sucessos e insucessos dos filhos funcionam mais ou menos como um "termômetro" dos próprios sucessos e fracassos dos pais. São como uma medida resultante do quanto se empenharam na educação filial.

Do outro lado, encontram-se jovens adultos buscando expandir sua juventude ao máximo, o que é muito válido, porém com pouca preocupação em estabelecer vínculos sólidos, que tragam resultados a longo prazo, ao contrário de seus pais. Uma vez que serão amparados por mais tempo e contam com isto, as responsabilidades e os compromissos ficam postergados para mais tarde. A atual geração de jovens é altamente criativa e tecnológica, mas a boa e velha comunicação entre pais e filhos permanece conflituosa, desde os tempos de Freud.

Creio que seja importante que, tanto os pais quanto os filhos consigam flexibilizar e ponderar seus pontos de vista, para uma convivência mais harmônica. E para que ambas as partes se entendam, respeitando o momento de vida de cada uma delas.

Shirley Silva Costa
Psicóloga | CRP 07/27644

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